Maria Berenice Machado da Rede Alcar elogia o segundo encontro do Centro-Oeste |
As professoras Débora Tavares e Marluce Scaloppe dão as boas-vindas aos participantes |
Imagens das propagandas da Ditadura veiculadas na mídia demonstravam que "o golpe não foi apenas militar, mas também civil e militar," argumentou. Assim, a conivência da imprensa era possível visualizar em manchetes como “o presidente não admite torturas”da revista Veja de 13/12/1968). Já que, em contrapartida, o que se via nas ruas, eram prisões, torturas e assassinatos.
Outro questionamento: “como um grupo de militares consegue permanece 21 anos no poder?”. Em sua fala, destacou que a comunicação tinha a função de legitimar e produzir consenso na sociedade. De um lado, havia a censura para combater a crítica. De outro, o fascínio levado a acabo pelas propagandas e televisão, se manifestando no medo da força física e da censura. Era muito claro o trabalho com o binômio otimismo/pessimismo, enfatizou.
Um dos jornais mais perseguidos na época foi o Pasquim.
Já saindo desse período, alguns episódios são importantes para o processo de abertura em que a mídia ia trabalhando para tentar mudar a configuração social e política do país.
O Movimento das Diretas Já (1983-1984) não teve o apoio da mídia. É interessante lembrar da edição do debate de 1989 na campanha presidencial entre os presidenciáveis Collor e Lula, pela Rede Globo. Da mesma forma, o movimento dos "Caras Pintadas" que levaram ao impeachment de Collor ganhou força graças à minissérie "Anos Dourados", veiculada pela mesma emissora um mês antes.
Recentemente, as manifestações sociais de 2013 não tiveram força no Brasil por não ter um foco, já que era difusa. Nesse sentido, é preciso continuar a perceber esses movimentos atuais como na última campanha presidencial entre Dilma (PT) e Aécio Neves (PSDB) com da última matéria retratada na capa de Veja.
No debate após a palestra surgiram temáticas como a mobilização da sociedade em torno do marco regulatório das comunicações no Brasil que não é censura. No entanto, os governos precisam traduzi-lo para uma linguagem acessível para ganhar apoio popular.
Maria Berenice da Costa Machado
É Professora Adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Doutora em Comunicação Social (pela PUCRS) e graduada em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda (pela UFRGS). Ministra as disciplinas Propaganda Política, Planejamento da Comunicação Publicitária, Comunicação Integrada, Teoria e História da Publicidade e Propaganda em cursos de graduação e na pós-graduação. Desenvolve pesquisas e tem publicações vinculadas aos campos da Comunicação, da Política e da História. É organizadora do livro Publicidade e Propaganda: 200 anos de história no Brasil (2009). Atualmente preside a Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar), é vice-presidente da Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom) e integra o Comitê Regional Sul da Associação Brasileira de Pesquisadores em Publicidade (ABP2).